nov 2, 2022
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Amazônia – coração do Brasil

Entrar na maior floresta do planeta, remar com os botos, visitar tribos indígenas e ouvir os relatos de quem vive a beira rio, seja por todo o conhecimento ancestral da mata ou por toda dificuldade que exploração ilegal afeta as comunidades locais foi intenso e trouxe temas importantes e atuais para nosso país e planeta.

Nossa aventura começou em São Luiz do Maranhão, onde fui viver novamente a experiência de surfar o fenômeno da pororoca. Aliás minha primeira vez na Amazônia foi em 2010 onde me tornei a primeira mulher no mundo a surfar uma pororoca de caiaque. Foram 10 dias embarcada no rio Araguari no Amapá com a equipe do surfista Serginho Laus. Abaixo uma amostra da onda:

Desta vez a aventura foi no rio Mearim e o surf de standup paddle, muito bem acompanhada pela equipe do Laus: Ruan e Deyanne da qual super agradeço todo o suporte e principalmente hospitalidade. Foram 4 dias caçando as bancadas pra surfar as longas paredes da onda de rio. Pra mim foi desafiador a entrada na onda, uma vez que vc pula do jet e precisa subir rapidamente na onda em movimento, mas depois que vc encaixou, surfar esta onda é muito especial

Diferente da outra vez em que ficamos embarcados na selva, no Mearim a base foi em terra na cidade de Arari cerca de 170 km de São Luiz, uma pequena cidade com cerca de 30mil habitantes. Acordar de madrugada, chegar na beira do rio com o dia amanhecendo e ir em busca da onda infinita era nossa rotina. Os vídeos estão nos destaques do meu stories: @robertaborsari_sup

Entrar na selva Amazônica é sempre uma experiência especial, mesmo quem tem contato frequente com a natureza, relata esse sentimento. Isto por que a floresta é intensa e seus sons reverberam na grande imensidão verde: são aves, insetos, macacos, répteis e mamíferos das mais diversas espécies ecoando ao mesmo tempo e fazendo com que você se sinta um intruso naquele ambiente.

Demorei um tempinho até dar meu primeiro mergulho sozinha saltando da prancha no meio naquele rio negro e cheio de vida. Sim, ao remar você vai vendo as bolhas subindo, o movimentos dos cardumes, sons ao redor…é muita vida!

Minha base foi no hotel Amazon Ecopark, com um conceito sustentável e localizado em meio a selva mas próximo de Manaus. Ideal para meus objetivos com o projeto, com remadas no início e final do dia. Acordava com os macaquinhos passando pelo meu chalé e como as temperaturas estavam muito altas,

já começava o dia no rio, depois partia para a mata para explorar as trilhas, aprender sobre medicina natural, muitas conversas com os caboclos pra aprender com quem nasceu e vive na mata…

Foram dias absorvendo muita informação, sobre as espécies nativas que usamos de forma processada como cosméticos e remédios industrializados. Sobre os números alarmantes do tráfico de animais silvestres para fora do país e suas baixas multas e impunidade que estimulam essa triste atividade. Sobre o impacto do garimpo ilegal, não só na natureza mas na vida dos caboclos e todas as pessoas que vivem na região, seja pelo aumento de preço dos produtos vendidos nesses locais, a introdução da alimentação industrializada no lugar da pesca, violência, insegurança e a expulsão de suas terras e casas. Ouvir tudo isso diretamente de quem sofre essas atrocidades teve um impacto muito grande pra mim

Também foram dias de muitas remadas…seja ao amanhecer, em diferentes rios e percursos ou finalizando o dia, com um espetacular por do sol. Os dias que saia sozinha, tinha uma região já acordada com o hotel para que ficasse em uma zona de segurança e nunca parava nas margens ou entrava mata a dentro. Já para trechos um pouco mais longos contava com o barco de apoio e estrutura local para não me perder entre tantos braços de rios. Também era necessário ficar atenta em alguns locais com jacarés e piranhas.

O ponto alto da minha visita foi a remada e natação com os botos..ahh os botos!! Quem me conhece sabe que sou vidrada em golfinhos. Tenho tatuagem, pingente, coleção de bibelôs, decoração em casa e muitas experiências com eles em diferentes mares do qual já naveguei. Fui encontrá-los no rio Negro, em um local em que realmente operava um turismo sustentável. Pra minha sorte naquele dia apenas eu estava no local, e os botos, que podem estar por lá ou não, logo apareceram quando alguns peixes foram jogados no rio…eles são espertos e majestosos, sem qualquer medo de nós humanos, nadando e interagindo com a gente como se estivessem se divertindo ou apenas querendo um petisco. Pra mim uma experiência inesquecível.

No mesmo dia fui visitar a tribo indígena Cipiá. Conversando com o pajé ele explicou que ali se reuniam cerca de 50 índios de 12 etnias diferentes. Eram índios que saíram de suas tribos em busca de melhores condições de vida na cidade e sem se adaptar voltaram e se reuniram formando uma nova comunidade que viviam além da pesca, também do turismo, mostrando suas danças, crenças e histórias.

Terminei esse dia almojantando na casa da Kelly, que trabalhava no hotel e me levou na casa dela pra ter uma típica refeição local amazônica: peixe frito, farinha, salada e arroz carreteiro…com uma pimentinha e a vista de uma praia de areia branca maravilhosa. De sobremesa, manga do pé do quintal e paçoca feita em casa…humm! Deu água na boca só de lembrar…

De todas experiências que vivi e foram lindas, me marcou demais a receptividade, calor humano e tantos amigos que fiz em custo espaço de tempo. Muito se fala em Amazônia e sua relevância para a questão ambiental mundial, mas tão importante quanto cada uma das espécies animais ou da floresta, são as pessoas que lá vivem, preservam e sofrem diariamente todos os impactos do desmatamento e ganância humana…

Foram muitos aprendizados que trouxe na bagagem do meu SUP!

>> Quer ver mais? Assista os vídeos no destaques do meu Instagram: @robertaborsari_sup

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