Uma viajante solo, um sup e o mundo pra explorar! Como se manter segura em diferentes destinos e culturas.
Em abril deste ano quando a surfista americana foi agredida por 2 brasileiros em Bali e o caso ganhou grande repercussão internacional nas redes sociais e veículos de comunicação brasileiro, me fez lembrar quando fui coagida no Sri Lanka por um grupo de surfistas ingleses e alguns locais a pagar uma prancha nova (e não apenas um pequeno reparo) para um deles depois de uma colisão no mar, onde na minha visão, não foi culpa minha. Pensei também como nós mulheres viajantes ficamos expostas e eu, que “rodo” o mundo em viagem solo com o projeto SUPtravessias, posso passar por uma situação ruim, mas nem por isso deixo de seguir com meus objetivos tomada pelo medo.
Entenda o caso da surfista agredida
Se você não conheceu este caso, de forma bem resumida, uma mulher começou a surfar uma onda em Bali, um dos picos mais clássicos de surf no mundo e um surfista foi entrar na onda dela. Pela etiqueta do surf ela teria prioridade e se valendo disso ela o empurrou pra fora da onda… Bom, depois disso um dos amigos desse surfista deu um soco na cara dela e a discussão e agressão continuou em terra. Tudo isso foi gravado e colocado nas redes.. E pronto, uma enxurrada de manifestações solidárias de surfistas profissionais e mulheres relatando abusos acenderam uma enorme discussão sobre o machismo no mundo do surf.
Só pra contar o meu exemplo, onde fui extorquida no SriLanka…tinha acabado de chegar na ilha e estava surfando em um pico…ao descer uma onda um surfista que estava voltando se assustou e ao invés de dar um joelhinho na espuma, afundou e jogou a prancha na minha direção e mesmo eu desviando, ela bateu no sup… Estressado e arrogante ele me fez sair da água e com seus amigos logo fomos ao local que conserta prancha…o cara fez o remendo e eu paguei por que não queria conflito na minha chegada. Percebendo que eu estava sozinha, esse grupo começou a me cercar e dizer que tinha que pagar uma prancha nova pra ele, pois ela era de um modelo especial, cara e único e o remendo não resolveu e assim ele perdera a prancha. Chamaram mais alguns locais, todos amigos deles pois eles estavam há 2 meses na ilha e conheciam todo mundo…eu havia chegado há 2 dias e ia ficar 2 semanas por lá, sozinha. Resumindo a história, disseram que eu era culpada e queriam 700 dólares para a prancha nova, eu disse que não iria pagar e nem tinha esse dinheiro, foram horas tensas, deles me cercando, muita discussão até que fui a um caixa eletrônico e dei 300 dólares pra eles pra encerrar o assunto…por que estaria na ilha mais 15 dias e fiquei com receio. Não faria isso hoje, chamaria logo a polícia, mas na época foi o que fiz por que entendi ali que tive um encontro com pessoas mal intencionadas.
O projeto SUPtravessias
De todos os destinos do meu projeto o único que fiz acompanhada foi a circum-navegação de Fernando de Noronha, onde levei de São Paulo um parceiro do remo, o Betinho, para fazer meu apoio, mas todas as outras sempre viajo absolutamente solo. Além de um bom planejamento onde procuro me cercar de toda segurança possível, faço parceiras locais com operadoras de mergulho, surf ou aventura, fotógrafos e cinegrafistas, mas no fundo, sou eu, meus equipamentos, bagagem e uma vontade enorme de explorar esse mundão! E isso nunca me impediu de conhecer os destinos que almejo. E se você é uma mulher que gostaria de viajar sozinha mas não se sente segura, não dei esse relato para deixá-la com medo, pelo contrário, foi para encorajá-la a fazer o que deseja, pois risco sempre corremos, até quando saímos pra trabalhar, mas para viajar, basta se cercar de cuidados e estar preparada sabendo o que fazer em cada situação.
Meus protocolos de segurança
Tenho uma série de protocolos para a viagem solo de uma mulher. Sempre digo que estou acompanhada, que vou encontrar com amigos ou namorado em poucas horas ou dias. Isso para um taxista, guia ou quem eu achar pertinente. Nunca viajo de carro durante a noite, no máximo se sair por volta de 5h da manhã, por que se ocorrer algo na estrada o dia estará amanhecendo. Não economizo na qualidade e no plano de seguro viagem, por que sim imprevistos acontecem!
Estudo minuciosamente a cultura e hábitos locais. Já viajei para países onde o homem quando vê uma mulher sozinha se sente no direito de acariciar seu cabelo e até oferecer casamento. Isso aconteceu em uma das ilhas em Maldivas onde fui remando da ilha onde estava hospedada até uma ilha que tinha uma comunidade local…lembro até hoje do calor que passei por que precisa ficar toda coberta com camisa fechada e canga protegendo as pernas com mais de 30 graus. Aqui vale novamente a regra de falar que é casada, mas por algum motivo o marido não está naquele momento. Neste dia lembro que o homem ainda questionou, mas por que ele a deixa sozinha… A regra do que “tem 2 tem 1 e quem tem 1 não tem nenhum” também é precisa. Isso vale para celular, cartão de crédito, locais pra guardar coisas de valores (não deixar tudo em um só lugar) e o que vai atrapalhar muito sua viagem se não tiver em mãos. Vale o mesmo para equipamentos! A geolocalização do Google também ajuda e toda tecnologia ao nosso favor é bem vinda, até posts nas redes sociais. Mas ações mais básicas como avisar o gerente da hospedagem onde está indo e quanto tempo pretende ficar fora também é uma forma de segurança, não sobre uma tarde num café, mas uma cidade diferente, um roteiro mais inóspito ou longo, sempre faço isso. Na verdade já fico logo amiga de todo mundo no hotel e o pessoal me ajuda. E como realizo desafios e atividade na natureza meus cuidados são sempre redobrados, mas aí esse já outro texto..
Bom, e seja lá qual for sua crença ou religião, vale pedir para que seja protegida durante toda sua jornada! Eu pelo menos sei que não viajo sozinha e tenho muita proteção.
Logo mais partindo pra mais uma!